Pão nosso de cada dia
Já passava das 10:00 hs. Ainda espreguiçando de lados opostos da mesa, nossos olhares se cruzaram por alguns segundos e depois fixaram sobre o único pão exposto na cesta. Ao som imaginário do famoso hino “Chariots of Fire” iniciava a verdadeira disputa olímpica. Tantan tantantan taaaannnn… Até as mãos se entrelaçarem sobre o pão numa disputa feroz. Luís, meu irmão, levava pequena vantagem na idade e vigor físico. Eu, mais conhecido por “comer mais que ferrugem”, também carregava comigo a alcunha de “Saco sem fundo” e não ficava para trás no quesito fome. A verdade era que, quem perdesse a disputa seria obrigado a fazer a peregrinação até a padaria, isto se quisesse matar aquilo nos matava.
Minha mãe, verdadeira “catequista do lar”, não perdia a chance de fazer suas explanações bíblicas aplicadas ao nosso cotidiano. Aquela era a vez da “multiplicação dos pães”.
___ Ahhh Cambada de cachorros. Brigando por causa de pão?! Preguiça de buscar?! Vou ensinar você dois… ahh se vou. Busque a maior bisnaga que achar na padaria, Sandro… Agora! Disse com a voz rasgada.
Bisnaga, também conhecido como baguete, é uma variedade do pão francês porém mais comprido, que o padeiro da época pecava pelo exagero (as menorzinhas tinham mais de metro). Vim marchando, brincando de soldado com a tal bisnaga no ombro e pensando com meus botões: vai sobrar pão para meio mundo! Ledo engano. Minha mãe, partindo o pãozão ao meio que nem Jesus Cristo foi categórica: ___Agora comam tudo… Não estavam com fome? Não estavam brigando por causa de pão?
Luís correu para pegar a manteiga, mas foi barrado pela minha mãe:___ Nada de manteiga, café, leite ou água. Pão seco apenas. Estamos entendidos?! A princípio não parecia uma tarefa hercúlea. Os primeiros dez centímetros até que desceu bem, mas a partir daí o trem começou a embuchar. Não tinha saliva suficiente para tanto carboidrato. Mas por outro lado, o respeito, compaixão, solidariedade, o amor ao próximo começava aflorar em nós dois.
___ Mãeeee… A parte que Luís ganhou está menor! Disse demonstrando minha compaixão.
___ Meu pãozinho está uma delícia… Quer um pedaço Sandrinho?! Luís esboçava toda sua generosidade num sorriso largo
___ Que isto meu irmãozinho, você ganhou menos… Aceita um pedacinho? Aceita? Oferecia à ele, ao que recusava de prontidão: Nem morto!
Naquele dia, o que era para ser nosso café da manhã acabou virando almoço e de quebra digerimos também uma reflexão: Quem foi que disse que “Nem só de pão vive o homem”, sabia bem que uma manteiga tinha muito mais utilidade além do valor nutritivo… ah se tinha!
Sandro Ernesto 11/01/2019
Eis ativo o bom humor
Bom dia minha querida amiga… minha frase predileta é: ” Humor é para quem leva a vida a sério”. As vezes alguma coisa nos tira sério, mas o humor é antivírus poderosíssimo. Tenha um final de semana abençoado! Beijo no coração
Adorável !
Obrigado minha querida amiga…. que seu domingo seja abençoado! Beijo no coração
Coisas de mães, essas lições e para nós vira até história, lembrança boa essa sua.
Realmente Jenny… o que parecia ser um castigo hoje se tornou um boa história. Brigas de irmãos quase sempre termina em pizza, neste caso: pão rsrsrsrsrs! Obrigado pelo comentário minha querida amiga… beijo no coração!
Sabedoria de mãe 😉
“Mãe é mãe”, não é mesmo Eduardo?! Ela adora quando estamos reunidos e eu com meu jeito cômico relembro estes causos… é só pra rir. Grande abraço meu caro!
Aproveita muito! A minha já cá não anda 🙁 Restam as boas lembranças! 😀
Abraços!
Morri de tanto rir….
E é para rir mesmo minha amiga… para uma família de onze irmãos, o que mais acontecia era “estas confusões” mas no final tudo terminava em pizza, ou melhor dizendo, terminava em pão kkkkk. Tenha uma semana iluminada! Bjos