O Banho
.
Literalmente é o momento em que me dispo de corpo e alma. Totalmente nu, constatei que aquela protuberância que os personal trainers insistem em chamar de “barriguinha”, começava a impedir meu contato visual com meu companheiro de luta que, na altura do campeonato, nem crescia muito menos multiplicava. O penteado “os últimos serão os primeiros” já não conseguia disfarçar a calvície. “Amanhã compro uma loção a base de Minoxidil”… pensei com meus botões. Fiz a barba, se é que podia chamar aquilo de barba. Nunca fui propício a ter pelos. Sou pelado neste sentido. Observava que, apesar de caminhar para a casa dos sessenta, tinha poucas marcas de expressão no rosto. E mesmo que tivesse, não seria isso que tiraria a minha preciosa paz. Estava bem comigo mesmo. Estava…
Estava neste checkup que antecede o banho, quando de repente vi um movimento estranho perto dos meus pés. Quase tive um ataque cardíaco. Num salto para traz, de fazer inveja a qualquer tartaruga ninja, pude ver ali, diante dos meus olhos incrédulos, o verdadeiro mestre Splinter. Minha primeira reação foi tampar as partes íntimas, mas, passado o susto deixei o pudor de lado. Ele também estava de rabinho de fora. De uma coisa estava certo… um de nós não sairia vivo dali. Desarmado, sem nenhum tchaco ou vassoura à vista, gritei por socorro. Feito April O’Neil, minha esposa entrou na batalha também. Munidos de duas vassouras começamos a luta. A cada vassourada descobri que o pelo do bicho ficava penteado de uma forma diferente. Uma hora ficou em pé, estilo punk. Em outra vassourada, os pelos ficaram achatados tipo o lambido corte razor part. O jeito foi continuar a luta apenas com o cabo da vassoura. Naquela verdadeira “dança típica dos cossacos”, os gritos de “socorro”, “pega” e “mata” eram ouvidos a longa distância, a cada investida que o asqueroso animalzinho (que de “Topo Gigio” não tinha nada) dava. Meus urros de bravo guerreiro viking foram classificados como desnecessários e escandalosos por minha esposa que, com um golpe fatal abateu o intruso. MEDO medo mesmo, nós homens não sentimos. Talvez pavor ou coisa parecido. Custei a engolir o coração de volta. Passado o pesadelo, saí com o rabinho entre as pernas, enrolado na toalha para que o banheiro fosse desinfetado. E pensar que em alguma parte deste mundão de deus, este roedor é considerado sagrado. Mas, sagrado por sagrado, meu banho era mais. Pensando bem… Onde está na bíblia que temos que tomar banho todos os dias?! Raios!
Sandro Ernesto 16/05/2018
Hilário!
Olá meu querido amigo… hilário sim, mas na hora quase que morro. Pensa num susto bem dado e multiplica por dez… chega perto do que passei kkkkkkkk. Um grande abraço e obrigado sempre!
Morri de tanto rir…..
E eu quase morro de susto Ana… não sei como esta praga conseguiu materializar-se no meu banheiro. É nesta hora que a coragem de um homem é posto à prova kkkkkkkk. Obrigado minha querida amiga pela leitura… beijo no coração!
Um ritual desse tipo para anteceder um banho, eu preferia mesmo ser o “Cascão”.
rsrsrs é verdade Adail. Mas na realidade o que chamei de ritual podia ser chamado mesmo de “enrolação” ou simplesmente “tomar coragem” e creio que foi isto que me salvou kkkkk. Já pensou que tragédia grega se estivesse todo ensaboado?! Ave Maria… não quero nem pensar kkkkkk Um grande abraço!
Kkkkkk teria sido mesmo muito engraçado!
Muito interessante!
Obrigado pela visita e comentário meu caro amigo… um grande abraço!
Um ritual digamos, um tanto amenizado por aqui
Quero te pedir um favor, me avise quando você publicar e eu logo não interagir, adoro curtir seus textos, mas nem sempre WordPress me avisa dos posts.
Abração ♀️
Não se preocupe minha querida amiga… na realidade não estou postando com muita frequência, mas aviso com maior prazer sim. Sinto-me lisonjeado e agradecido, você sabe disso. Um beijo no teu coração e obrigado por tudo… Tenha uma semana abençoada e produtiva!
Hahaha…. Gostei. Obrigada pela curtida no meu conto no blog As Contistas. Grande abraço.
Obrigado minha querida amiga Elisa… eu adoro ler crônicas e contos e é sempre um prazer participar de alguma forma. Obrigado pela visita e comentário… eu particularmente não gostei (da aparição do mestre Splinter, é claro kkkkkkkkk). Um beijo no coração!