Banheiras
A banheira liberada nos finais de semana servia-nos de piscina e imergir a cabeça n’água era a brincadeira preferida. Passávamos horas que nem pato-mergulhão. O tempo que conseguia ficar submerso não importava… Mas controlar as emoções quando o ar esgotava, sim. Esta inocente brincadeira viera a calhar em situações futuras.
Quando nosso “vovô emprestado” nos levou ao córrego pela primeira vez, por exemplo. De cara afundei tranquilamente na parte mais profunda do poço. Parecia um astronauta flutuando no espaço. Afundei. Até que alguém, sentindo minha falta, mergulhou puxando-me pelos cabelos. Não tive medo nenhum. Mas descobri naquele dia que a combinação dos movimentos de bater pernas e braços se fazia necessário e para aprender a nadar precisaria de uma banheira maior e… Lagoa é que não faltava na minha cidade. Somente após o episódio do cágado, comecei a dar as primeiras braçadas. Não esperava viver aquela situação novamente, até que no verão de 2012…
O tempo nublado em Cabo Frio, não nos impediu de ir à praia. Três faixas de banhistas compunham o cenário. A primeira, composta pelos “os que tinham água até os joelhos”. A segunda, por sua vez, pelos “os que tinham água até o peito e quebravam ondas”. A terceira era aonde adorava ficar. Boiando a mercê do tempo feito uma Jubarte. Estava “jubarteando” com os amigos, quando meu filho “quebrador de ondas” gritou:
— Pai… Olha pra trás Pai…
Sozinho, quinze metros adiante, um senhor acenava incessantemente. Admirado com aquela ousadia, comentei:
— Isto que é coragem, olha só…. E ainda está chamando a gente para se juntar a ele! Eu heim?!
— Ele está afogando, Pai! Meu Deus… Ele está afogando!— Meu filho gritava. Foi neste momento que percebi a gravidade da situação. O pânico estampava o rosto daquele senhor e o desespero era geral. Gritei para meu filho chamar os socorristas e ignorando os avisos de perigo, fui de encontro aquele senhor.
O abraço de “fã de Justin Bieber” foi inevitável, mas consegui controlar a situação!
— Fique tranquilo! Estou aqui com o senhor… isto… isto… continue batendo as pernas e braços, não pare… Está indo bem! Muito bom! Não vou soltar o senhor! Mantém a cabeça erguida… fique tranquilo! Segurava-o por uma das mãos enquanto buscava sair da zona de perigo.
Salvo, agora junto com “os que tinham água até os joelhos”, o senhor explicava que foi pego por uma corrente marítima. Enquanto prometia me colocar em suas orações todas as noites de um lado, meu filho me repreendia por outro:
— Você poderia ter morrido, sabia?! O quê o senhor estava pensando na hora, Pai?!
— E eu lá pensei meu filho?!… Apenas vi seu avô no lugar dele!
A chuva não deu trégua naquela excursão e inconformado, pouco antes de voltar pra casa, resolvi entrar no mar, tendo apenas minha esposa e algumas gaivotas como testemunha. Mal entrei e também fui agraciado pela bendita corrente marítima. Custei a sair, não antes de me despedir do Poseidon e de Iemanjá… é claro!
Sandro Ernesto 06/10/2021
Meu Deus,ainda bem tudo acabou bem.O mar é danado,mesmo sendo maravilhoso e convidando a entrar, todo cuidado é pouco… abraços, tudo de bom,chica
Olá minha querida amiga! Graças a Deus este episódio terminou bem sim Chica, deixando algumas boas reflexões. Adoro o mar e realmente é muito perigoso. Obrigado pela leitura e comentário…beijo no coração!
Que alegria ler a tua história. E que história Sandro! Beijo no ❤.
A alegria é toda minha Filipa…. é bom saber que gostou. Recentemente, durante um almoço de família, meu filho que presenciou tudo contava para os outros o acontecido… graças ao meu treinamento na banheira tudo terminou bem rsrsrsrs. Um beijão no seu coração e obrigadooo!
Mineiro e mar… Muita história pra contar…
Muitas mesmo Estevam… em breve vem mais.
Uma história com um final feliz Sandro. Bravo!
Ficámos à espera!
Podem aguardar Filipa!
Mandar ver…
Quem diz que a memória afetiva não pode ser ficcionalizada se ilude, de maneira insofismável. É como pensar que a primeira impressão de leitura não serve como ponto de partida para uma análise crítica. Ledo engano. O preâmbulo é só pra marcar a minha chatice. De fato, quero elogiar a postagem de que gostei imenso! Evoé! abraço, meu caro!
Você sabe que sua chatice é sempre bem-vinda meu querido amigo, é bom saber que gostou. Concordo, a memória afetiva pode e deve ser ficcionalizada (acho que estou ficando bom nisto kkkkkkkk). Um forte abraço
Repleta de emoção. Consegui sentir daqui algo semelhante ao que sentiu lá. Linda crônica, Sandro.
Bom dia Odonir… fico muito feliz em saber que consegui transcrever estas emoções, minha querida amiga. Passar pela linha do tempo em tão poucas linhas não é fácil mas se fez necessário. Obrigado pela leitura e comentário… que seu domingo seja iluminado. Beijo no coração!