Meu querido diário (3)

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          Querido diário… Hoje eu chorei! Costumava ser durão antigamente e a culpa sempre era do cisco no olho. Mas não… Virei uma manteiga derretida, literalmente. Se bem que vendo as fotos de infância eu diria que não, eu simplesmente nasci um chorão profissional. Chorei dentro da barriga de minha mãe, em plena sexta feira santa… O que vocês querem mais?! E foi um buá escandaloso, segundo ela. Bem… Voltando ao assunto, chorei igual grávida. Tudo começou quando…

          Resolvi assistir um filme antes do almoço no meu tão falado projetor de 100 polegadas. Nãoooo! Definitivamente não é metideza. Um temporal fez estrago geral na casa, queimando eletrodomésticos incluindo a TV. O projetor saiu 25% do preço de uma nova.  Nãnaninanão… Também não é pão-duragem. É falta de verba mesmo. Projetor ligado, procurei um filme aleatoriamente. Podia ser qualquer um, desde que não fosse da franquia “Velozes e furiosos” ou “Harry Potter”. Podia ser qualquer um… Mas não! Tinha que ser o “Viver duas vezes” (Vivir dos veces es una película española). Conta a história de Emílio, diagnosticado com Alzheimer, sua filha Julia e a neta Blanca. O filme tem partes engraçadas, mas no final eu chorei. Talvez seja por causa do momento em que vivemos. Mas acredito que foi mais pela lembrança de dois personagens da vida real. O primeiro, sogro de meu irmão… Era a generosidade em pessoa. Faleceu faz alguns anos. O segundo, tia de minha nora. Professora aposentada que faleceu há poucos dias em plena pandemia, imagina! Ambos com Alzheimer. As lágrimas esguicharam durante o almoço ao dar o spoiler para minha esposa. Chorava ela de um lado, chorava eu do outro. E só parou depois de uma crise de riso repentina em nós.

          Besta! Ela exclamou fazendo-me um carinho e enxugando minhas lágrimas com as mãos.

          Quem disse que “homem não chora”?! Mas, por hoje chega querido diário! Nem esfregando cebola nos zóios me faz chorar mais hoje. Chega! Já está ficando feio. Até mais meu querido diário! Ahan… Sem choro, lógico!

Sandro Ernesto 17/05/2020

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21 Resultados

  1. Vall Nunnes disse:

    Bom dia Sandro.
    Que texto sentimentalmente lindo!
    Aaah…homem chora sim e devia não ter vergonha. São tão humanos quanto nós mulheres.
    Só tome cuidado pra não pingar no diário. Poder rasurar!
    Xeru

    • panografias disse:

      Nem te conto Vall. Primeira vez que reunimos todos numa live do dia das mães. Havíamos combinado tudo e a mim coube cantar a música que havia feito para ela. Não deu outra… o choro embargou minha voz. Minha irmã, para me ajudar, colocou a música no celular, o que ficou inaudível. Daí um irmão engraçadinho perguntou: Quem está cantando, é o Tiririca?! E minha resposta saiu rápida: É sua mãe! Imagina tudo isto numa live do dia das mães rsrsrsrs Meu diário já está todo marcado pelas lágrimas, mas na maioria são de alegria, minha querida amiga! Que sua semana seja produtiva e feliz! Beijo no coração

  2. Mas bah! Tche, achas que eu não chorava e ainda choro? Tenho guardada uma foto dos meus cinco ou seis anos em Rio Grande, cidade onde nasceu meu pai e todos os anos íamos para lá, ele foi jóquei e na época, início de ano, havia o GP Noiva do Mar – acho que esse é o nome – e sei lá porque estava eu sentado no chão da praça mostrando minhas goelas para quem quisesse ver e minha voz desafinada. Desde então, chorar é comigo mesmo. A última foi hoje pela manhã, quando o pardal que me visita todos os dias chegou e não estava o alpiste no canto da janela e começou a piar como um doido é só parou depois de colocar a comida. Teu relato mostra teu imenso coração sensível e generoso. Fico feliz e orgulhoso em poder dizer que o Sandro é meu amigo. Muito obrigado por tudo a vida inteira e por favor continue chorando.

    • panografias disse:

      Eu juro que agora foi cisco no olho, Fernando rsrsrs Não sou de comentar filmes, mas achei este de uma leveza peculiar, foi feito com esmero abordando os conflitos familiares em especial a evolução do alzheimer. O choro entornou ao pensar nos milhares de idosos (muitos em condições iguais) que foram dizimados pelo impiedoso vírus e os dois personagens que citei. Como diz o Zeca, o baleiro e não o “não vem que não tem”: …ando tão à flor da pele, qualquer beijo de novela me faz chorar…”( Tá bom… eu exagerei kkkkkkkkk ). Meu querido… é uma honra tê-lo como amigo. Gratidão sempre! PS: é cisco sô… tô falando cumcê, é só um cisquinho.

  3. Então não recomendo “Para sempre Alice”. O tema é o mesmo, pesado e de chorar mesmo. Sei bem, perdi familiares para a doença e tenho vários amigos com país assim. Não recomendo filme, sou bem chato assim, outro dia estava assistindo pela incontável vez De volta para o futuro. Fazer o quê, gosto e me divirto. Agora, se é para valer O gladiador me satisfaz. É um bem antigo maravilhoso: O homem de Kiev. Li e tenho o livro: O faz-tudo, extraordinário. Enfim, livros, vai no site e aproveita. (Tem lá o do filme que te falei, da Alice) boa noite, meu amigo.

  4. uaíma disse:

    Caro Sandro Ernesto,

    grato pela visita e pelo “seguir” o UAÍMA. A Casa é sua. Quanto ao diário ao qual você faz alusão logo aí acima, numa postagem concisa, daquelas capazes de nos enviar para algum lugar já percorrido, ou direto para um futuro cujos contornos já se possa sentí-lo, isso me faz lembrar de uma bela canção do compositor Reginaldo Bessa, cujo título é O Tempo, a qual diz que “o tempo não para no porto // não apita na curva // não espera ninguém”. Esta é a razão maior pela qual um diário tanto nos fascina quando é lido ou relido, seja o próprio acervo, ou um livro autobiográfico de outra pessoa.

    Um abraço.
    Darlan M Cunha

    • panografias disse:

      Fui levado ao teu blog Darlan, a partir do convite de leitura da Cristileine (o texto é “pão velho”). Verdade meu querido é que, quando nos deparamos com textos requintados, queremos sempre mais do que uma simples degustação. É sempre um prazer. Parabéns! Agradeço pela visita e comentário meu amigo… outro grande abraço!

    • uaíma disse:

      É isso aí, Boa Gente.

      A Cristileine é uma pessoa com um interior muito vasto e generoso.

      Um abraço.
      Darlan

    • panografias disse:

      Cristileine é tudo isto e mais um pouco, sim… outro abraço!

  5. Léo Campos disse:

    Acho muito bonito um homem chorar. Como chorou no ventre de sua mãe, por acaso é adivinho? Em Cem Anos de Solidão, Gabriel Garcia Marques, Aureliano Buendia chorou no ventre da mãe, Úrsula, e era adivinho….

    • panografias disse:

      Bonito ou não, sou suspeito para falar Leo, já que sou um “chorão profissional” como disse nas entrelinhas rsrsrsrs. Quanto a ser adivinho (minha mãe dizia isto sem ter lido o livro) prefiro dizer “sensitivo” . É natural em mim e vem sem pedir licença na maioria das vezes, como relato nesta crônica ainda recente https://panografias.com.br/cronicas-da-vida/. Obrigado minha cara amiga pela visita e comentário. Um grande abraço!

  6. Que lindo

  7. Mara disse:

    Adorei! Sou chorona também e tenho assistido muitos filmes e séries espanhóis. Além de chorona sou um tanto desastrada. Acabei aprendendo a rir de mim mesma.
    Gostei muito e vou assistir o filme. Depois conto se colaborei para a subida do nível do rio!
    Parabéns pelas publicações!

    • panografias disse:

      Obrigado pela visita e comentário tão gentil Mara! Também sou um pouco desastrado, além de chorão. Acho que rir da gente mesmo é quase que alcançar o nirvana kkkkkkkk. Assista e depois volte nos conte! Tenha uma semana produtiva e iluminada minha cara amiga… beijo no coração!

  8. Pura sensibilidade

    • panografias disse:

      É minha cara amiga… não sou um jardim mas estava com “sensibilidade à flor da pele” irrigada a base de lágrimas kkkkkkkk… gratidão!

  9. mariel disse:

    Tempos sensíveis. Chorar faz parte.

    • panografias disse:

      Disseste bem Mariel, tempos sensíveis… geralmente eu choro de alegria, de tanto rir, mas tem horas que a comoção nos pega de jeito e não dá para segurar. Obrigado sempre meu caro amigo… um grande abraço e que sua semana seja produtiva e abençoada!

    • mariel disse:

      amem, querido.

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